Faleceu <br>Francisco Canais Rocha
Faleceu no domingo, dia 10, Francisco Canais Rocha, que foi o primeiro coordenador da CGTP-IN. No funeral, realizado na tarde de segunda-feira, em Torres Novas, compareceram muitos actuais e antigos dirigentes sindicais, militantes comunistas, activistas do movimento de reformados e do associativismo popular.
Da representação da CGTP-IN fez parte o seu Secretário-geral, Arménio Carlos, que proferiu um sentido elogio ao camarada falecido. Estiveram igualmente presentes dirigentes locais e regionais do PCP.
Francisco Canais Rocha nasceu em Torres Novas, a 17 de Janeiro de 1930. Logo depois de terminar a escola primária, aos onze anos, trabalhou como marceneiro, na empresa de Alberto Sepodes, e carpinteiro de moldes, nas metalúrgicas Lourenço & Irmão e Costa Nery. Alimentou na biblioteca local, o interesse pela história e pelos temas sociais, e seguiu atentamente as notícias da guerra e da restante actualidade.
Desde muito jovem, empenhou-se activamente na luta antifascista legal e clandestina. Foi fundador das estruturas concelhias e distritais do Sindicato dos Metalúrgicos. O seu nome fica ligado à luta reivindicativa que resultou no primeiro contrato colectivo de trabalho dos metalúrgicos, em 1961. Neste ano, integrou a delegação portuguesa no V Congresso da Federação Sindical Mundial, em Moscovo.
Foi preso pela PIDE, em 1952 e em 1968. Saiu em 1973 e até ao 25 de Abril trabalhou para os sindicatos dos Jornalistas e dos Electricistas, em Lisboa, mantendo a actividade militante. No primeiro plenário de sindicatos da Intersindical após a revolução, a 27 de Abril de 1974, foi eleito coordenador da direcção, responsabilidade que manteve até Agosto. Continuou ligado à actividade sindical, como adjunto da direcção e chefe de serviços do então Sindicato dos Electricistas de Lisboa (hoje SIESI), funções que exerceu até à reforma.
Nesse período, retomou os estudos e concluiu a licenciatura em História (em 1981) e o mestrado em História Contemporânea (em 1989). Dedicou especial atenção à história do movimento operário, deixando obra relevante. Colaborador assíduo na imprensa sindical, manteve publicação regular no Electrão e no Jornal da Fiequimetal. Foi um dos autores de Contributos para a História do Movimento Operário e Sindical: das Raízes até 1977, o livro que assinalou os 40 anos da CGTP-IN.
Teve também papel de destaque no movimento associativo popular e de reformados, no concelho de Torres Novas e no distrito de Santarém, enquanto a saúde lhe permitiu.